Oliver Stuenkel
Como era esperado, a revelação do The New York Times de que o governo Trump reuniu-se secretamente com militares da Venezuela que planejavam um golpe contra Nicolás Maduro gerou fortes reações na América Latina.
A informação será explorada por Maduro, que precisa convencer a população de que a crise do país é produto da intromissão estrangeira, e não de uma política econômica equivocada.
No entanto, o encontro diz pouco sobre qual será a estratégia dos EUA em relação à Venezuela, e não prova que Washington desejaria ou apoiaria um golpe militar em Caracas.
De fato, é comum que figuras da oposição de países do mundo inteiro se reúnam regularmente com representantes tanto do governo dos EUA quanto de outras potências.
Sobretudo quando se trata da oposição em países não democráticos, é comum que as reuniões ocorram secretamente para proteger os interlocutores.
Manter um diálogo com todas as partes do espectro político é crucial para antecipar desdobramentos políticos no país em questão, sobretudo em momentos de crise.
O governo chinês, por exemplo, está há anos em contato regular com os adversários de Maduro para obter uma compreensão mais completa da dinâmica política na Venezuela, embora Pequim seja um dos principais aliados de Maduro. No entanto, a China, pragmaticamente, não quer ficar sem bons contatos caso a turma de Maduro seja derrubada.