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Visita de Lavrov ocorre em momento delicado para diplomacia brasileira (Estadão)

Visita traz vantagens para Moscou ao mostrar que não está isolada, enquanto Brasil é visto cada vez mais como aliado da Rússia

https://www.estadao.com.br/politica/visita-de-lavrov-ocorre-em-momento-delicado-para-diplomacia-brasileira/

A visita do chanceler russo Sergei Lavrov a Brasília ocorre em um momento sensível para a diplomacia brasileira: depois do crescente isolamento do Brasil durante o governo Bolsonaro, a volta de Lula foi recebida com alívio em capitais ao redor do mundo, uma rara convergência em um cenário cada vez mais marcado por tensões entre os principais blocos. Sob Lula, espera-se um Brasil mais atuante em temas que vão desde o fortalecimento do multilateralismo até o combate às mudanças climáticas. Porém, os comentários controversos do presidente brasileiro sobre a guerra na Ucrânia – por exemplo: o conflito resulta da “decisão dos dois países”, os EUA estariam incentivando a continuação da guerra, a Europa não teria interesse em negociar um acordo de paz – ameaçam torpedear a volta brasileira aos palcos internacionais.

Um conjunto de gestos diplomáticos – a visita de Celso Amorim a Moscou para se reunir com Putin sem também ter se encontrado com o governo ucraniano; a vinda de Lavrov a Brasília sem ter sido anunciada uma visita do chanceler ucraniano Kuleba; a sugestão de Lula à Ucrânia para que abra mão da Crimeia a fim de negociar uma paz com a Rússia – consolida a percepção de que o Brasil não está imparcial, mas alinhado a Moscou. Ao não ser que o governo brasileiro aproveite a visita de Lavrov para criticar, explicitamente, a violação russa do direito internacional ao invadir a Ucrânia, essa percepção se consolidará ainda mais. O cenário demonstra o risco das tentativas de Lula de se tornar um interlocutor-chave na guerra russo-ucraniana, o tema geopolítico…

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SOBRE

Oliver Stuenkel

Oliver Della Costa Stuenkel é analista político, autor, palestrante e professor na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. Ele também é pesquisador no Carnegie Endowment em Washington DC e no Instituto de Política Pública Global (GPPi) ​​em Berlim, e colunista do Estadão e da revista Americas Quarterly. Sua pesquisa concentra-se na geopolítica, nas potências emergentes, na política latino-americana e no papel do Brasil no mundo. Ele é o autor de vários livros sobre política internacional, como The BRICS and the Future of Global Order (Lexington) e Post-Western World: How emerging powers are remaking world order (Polity). Ele atualmente escreve um livro sobre a competição tecnológica entre a China e os Estados Unidos.

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