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Post-Western World: Os dez artigos mais lidos em 2014

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1. Os 10 principais desafios da política externa brasileira em 2014

Selecionar apenas dez da vasta quantidade de desafios que o Brasil enfrenta é, certamente, quase uma missão impossível, tendo-se que omitir certos pontos cruciais. Por isso, esta lista não tem a pretensão de ser completa (ela não contempla pontos chave como meio-ambiente, ajuda ao desenvolvimento, não-proliferação, peacekeeping no Haiti, a OMC e o Oriente Médio), mas busca estimular o debate acerca de um ano interessante que se inicia.

2. Os benefícios do grupo BRICS para o Brasil

São importantes os benefícios que o grupo BRICS gera para o Brasil. Além de aprender mais sobre a China, a cúpula dos BRICS-América do Sul é uma prova do poder convocatório e ambição de liderança regional do Brasil, um papel ao qual terá de se adaptar a longo prazo. Além disso, ser um membro do BRICS não tem praticamente nenhum custo.

3. A política externa de Aécio

O que Aécio Neves, candidato do Partido da Social Democracia do Brasil (PSDB) faria se ele fosse eleito presidente? De todos os candidatos, é o ex-governador de Minas Gerais que articulou a crítica mais forte à atual política externa dos últimos governos. Sob as presidências tanto de Lula quanto Rousseff, Aécio argumenta que o Brasil tem mantido laços excessivamente cordiais com regimes autoritários como Cuba e Irã e tem feito muito pouco para promover os direitos humanos e a democracia. Da mesma forma, ele argumenta que convidar Chávez da Venezuela para participar do Mercosul foi um erro.

4. O risco do recuo estratégico brasileiro

Quem afirma que as ambições globais do Brasil são um equívoco e um desperdício de recursos em tempos de dificuldade econômica interna deveria reconhecer que um recuo do Brasil prejudicaria tanto seus interesses estratégicos quanto econômicos. Mais importante, enfraqueceria a coalizão dos países que se interessam ativamente em reformar a governança global de modo a garantir que as instituições atuais mantenham sua legitimidade, adaptando-se a um novo equilíbrio de poder.

5. Por que a maioria das grandes ideias nas relações internacionais vem dos Estados Unidos?

“Quando foi a última vez que um pensador não-americano de uma instituição não-americana surgiu com uma ideia que mudou a maneira como vemos o mundo?” – Moisés Naím, do Carnegie Endowment for International Peace, perguntou recentemente. Existe alguma ideia não-americana que teve um verdadeiro impacto no pensamento global em assuntos internacionais desde o fim da Guerra Fria, como Choque de Civilizações de Samuel Huntington, O Fim da História de Fukuyama, ou Soft Power de Joseph Nye?

6. Marina colocaria a política externa brasileira de volta nos trilhos?

Ao contrário das críticas que dizem que Marina Silva reverteria muitas das mais importantes conquistas da política externa brasileira, há sinais que, na verdade, ela enfatizaria novamente a importância do tema depois do desempenho internacional relativamente apagado de Dilma Rousseff. Notavelmente, Marina destaca que tanto FHC quanto Lula contribuíram para um aumento da projeção do Brasil no mundo, e argumenta, desde 2010, a favor de reformas no sistema internacional para aumentar sua legitimidade e consolidar uma maior responsabilidade brasileira.

7. O Brasil está abandonando suas ambições globais?

Em mais um sinal inequívoco de que a presidente Dilma Roussef pretende diminuir o envolvimento brasileiro em assuntos internacionais, o Ministro das Relações Exteriores (MRE) anunciou a redução drástica de vagas no concurso de admissão à carreira de diplomata deste ano, revertendo efetivamente a estratégia de expansão internacional de Lula. Em 2014, apenas 18 candidatos serão selecionados para atuar no Ministério das Relações Exteriores, o número mais baixo em mais de duas décadas.

8. Dez previsões para a Política Internacional em 2014

Em 2014, as quatro maiores democracias do Sul Global terão eleições gerais: Brasil, Índia, Indonésia e África do Sul. Durante este ano eleitoral, os governantes tenderão a focar mais em desafios domésticos do que propriamente em política externa. Nem os líderes atuais, nem aqueles que os substituirão estão interessados em propor iniciativas internacionais de relevância. Meu palpite: A Indonésia e a Índia passarão por transições de liderança. O Brasil e a África do Sul irão reeleger Dilma Rousseff e Jacob Zuma, respectivamente.

9. O Brasil e a reforma do Conselho de Segurança da ONU: um sonho impossível?

Entrar no Conselho de Segurança da ONU como membro permanente continua sendo um dos principais objetivos da política externa do Brasil. As discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU já existiam desde o início da mesma, no entanto, têm estado em pauta em sua forma atual por cerca de duas décadas, sem muito progresso.

10. Contra a retração (Valor Econômico)

Obsessiva em centralizar a tomada de decisão, a presidente considera a política externa como um campo minado de pouca utilidade em sua campanha pela reeleição. Ela está cercada por seguidores pouco inspiradores, sendo um deles responsável por enfraquecer o prestígio do Itamaraty. O ex-Ministro da Educação e atual ministro da Casa Civil – Aloizio Mercadante – provocou uma cisão entre a presidente e o ex-chanceler Patriota, e é há muito tempo considerado o conselheiro mais confiável de Dilma.

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Photo credit: Valter Campanato/ABr

SOBRE

Oliver Stuenkel

Oliver Della Costa Stuenkel é analista político, autor, palestrante e professor na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. Ele também é pesquisador no Carnegie Endowment em Washington DC e no Instituto de Política Pública Global (GPPi) ​​em Berlim, e colunista do Estadão e da revista Americas Quarterly. Sua pesquisa concentra-se na geopolítica, nas potências emergentes, na política latino-americana e no papel do Brasil no mundo. Ele é o autor de vários livros sobre política internacional, como The BRICS and the Future of Global Order (Lexington) e Post-Western World: How emerging powers are remaking world order (Polity). Ele atualmente escreve um livro sobre a competição tecnológica entre a China e os Estados Unidos.

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